Mangás Raros, motivo de orgulho e falência

Assim que você fica lendo um mangá raro. Arte de SymbianL

Todos que gostam de cultura oriental, acaba, querendo ou não, consumindo os mangás. Um fã não vive apenas de anime, e quando se pega gosto pela coisa é bem difícil sair do vício.
O mercado brasileiro começou a investir nos mangás nos anos 80, quando ocorreu o boom no Japão. O primeiro mangá a ser lançado aqui foi Lobo Solitário pela editora Cedibra (jurava que era a Sampa ou a Abril), todo no modo ocidental de leitura.

Pais de família leram isso no lançamento

Depois dele vários outros foram lançados e podem ser encontrados em sebos até hoje. Títulos como Mai -A garota sensitiva, Crying Freeman e Akira (sim, Akira foi lançado no Brasil) são raridades, não tão valorizadas devido ao seu modo de leitura.
Depois destes vários outros mangás vieram ao Brasil, a JBC e a Conrad apareceram, seguido da Planet Manga (vulga Panini), e, assim, fazendo a alegria da criançada desse Brasil.
Porém, o mercado de mangás não estava tão aquecido como está hoje. Títulos promissores eram lançados aqui com tiragens um pouco limitadas e a preços bem populares. Isto dificultou bastante os estoques das editoras. Hoje alguns títulos são praticamente impossíveis de se encontrar em lojas, mesmo das mais variadas como as do Bairro da Liberdade em São Paulo e das Lojas Comix..

E ainda tá barato.

Um exemplo de mangá raro dificílimo de achar é Sakura Card Captors N°1. Na época foi um sucesso estrondoso, tanto que está tudo esgotado. É possível encontrar qualquer número se feita uma breve pesquisa  nas lojas especializadas, até em Sebos. Menos o primeiro volume. Quer dizer, é possível sim achar, mas você tem que abrir a mão e dar, pelo menos, R$100,00 por um mangá que antes custava R$2,90.
Este da imagem ainda está barato comparado aos preços praticados no Bairro da Liberdade. Em uma vitrine do Sogo plaza, galeria conhecida dos visitantes, era possível encontrar esse volume custando singelos R$150,00.
Sakura 1 não é uma exceção nesse mercado fanático de mangás raros. Temos aí Dragon Ball N°1 (Conrad, 2000), One Piece 1 (Conrad, 2001), Love Hina 1(JBC, 2001), entre outros. E se você pensa que os números raros tendem a ser os primeiros, como volumes 1, 2 e 3, pode ficar tranquilo. Volumes de Inuyasha, como o volume 5, chegam até R$200,00.

Em alguns lugares isso custa metade de um salário mínimo

A falta de volumes para completar a coleção não se reserva apenas aos mangás publicados a mais de 10 anos. Temos no mercado exemplos claros de séries atuais que venderam tanto que hoje é muito, mas muito difícil encontrar para comprar. Os preços duplicam, e até triplicam quando o volume não é mais encontrado.
Qual foi a última vez que você viu Naruto n°1 nas bancas? E o n° 2? High School of the Dead N° 2 custa 50 reais em eventos. Kimi ni Todoke n° 1 está no caminho também.
Para tentar resolver este problema de falta de mangás, as editoras estão, cada vez mais, republicando títulos, tanto os mais velhos que não são mais encontrados como os que a falecida Conrad deixou de lado. One Piece, Sakura Card Captors, Dragon Ball, Evangelion, e o recentemente anunciado Samurai X. Todos eles estão sendo relançados nas bancas pelo preço atual. Óbvio que não será cobrado o mesmo preço que era cobrado anos atrás. Hoje o material é outro, a tradução, e os impostos também. Um mangá cortado ao meio (Meio Tankobon) custava, na época, de 3 a 4 reais. Hoje um Tankobon completo sai de 10 a 12 reais, edições especiais como a republicação de SCC saem na faixa de 14 a 16 reais.

Os relançamentos, claro, desagradam e muito os colecionadores. Ver uma série que você deu o sangue para completar ser relançada é de doer o coração. Mas algumas iniciativas são completamente válidas, como a Panini com One Piece e da JBC com Evangelion, que adotaram todos os fãs órfãos da Conrad.
E você? Tem algum mangá raro que você usa pra fazer inveja aos seus coleguinhas? Procura algum impossível? Bem vindo ao clube.